quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Ressoar de Cós

Pisei o novo grão do mundo.
Ontem, ao olhar para ti de dentro do poço fundo,
quando o ar me beijou feito tempestade,
quando me sobrou do tornado só a sua fúria,
eu pisei o novo grão do mundo.

Ontem creio ter visto o mar pela vez primeira,
ter experienciado cada um dos grãos de areia,
cada uma das texturas numa pegada diferente,
já não medrosa, já não efervescente,
pacífica, feliz, quente,
pisando música na areia da praia presente.

Tudo ecoa, docemente,
sem que note, sem que acredite...
Perdi do espelho o reflexo,
calei da voz o amor.

Não preciso de amor.
Não tenho de ansear pelo amor,
amor de mim, de ti, em redor.
Já não preciso mais de amor.

O mundo, essa realidade interdita,
vai chorando de fora da janela,
da vidraça...
Observa desatento quem sufoca, quem passa,
quem corre, quem grita, quem coxeia...

Porém, onde minh'alma é infinita,
apenas dois, eu, eu tu,
o mar, o canto da sereia,
a chuva, o céu e nossa areia.

1 comentário:

  1. "Pisei o novo grão do Mundo",
    onde antes o ar me sufocava,
    agora uma leve e doce maresia
    enche-me os pulmões de novas sensações...
    O teu olhar, o teu toque
    refrescou a visão do Mundo
    e agora sob este novo Sol,
    apenas nós os dois
    abrimos a alma e dominamos a vida inteira!

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