segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nuvens

Chove por entre nuvens
gastas e frágeis.
O meu destino é suave
como quem beija pétalas,
estável e errante,
bebendo café como quem não se importa
com a veracidade
da verdade morta.
Meu segredo é conhecido
aquando do café mexido,
remexido e açucarado,
polvilhado de canela.

Os aromas felicitam-me
e fazem qualquer coisa que eu não conheço,
que não desconheço,
de algo de dentro que deixei
para mim, livremente.
Chove por entre nuvens
castas e fracas,
que choram como que de alegria.
Passaste e repiraste
contra o quadro onde te apresentas...
Com eu passo contentas
as flores desatentas,
fracas e pisadas...

Meu futuro é cumprido,
meu prazer prometido,
meu elo às coisas renascido.
Passaste e repiraste o ar colhido
da Primavera dos perfumes...!

A tarde quer cair devagarinho.
Em comformismo,
elucido-me do fogo que larguei,
dos ventos que me têm levado.
Tudo está abandonado,
mas as nuvens, castas e puras,
chovem de alegria.
Passaste e respiraste
o ar do mais perfeito dia...!

Foste sem saber o que seria
seres tu no mundo errante;
foste, sem certeza inconstante,
mais que tu!, um traficante
na rua da paixão fulminante
de seres tu, sem contar a ninguém!

Passaste e repiraste
o medo que respirava
o meu peito ansioso...

sábado, 3 de abril de 2010

Ondas Altas

Tenho saudades do mar,
desse vasto mar que nunca soube...
esse rio imenso que nunca pôde
por sua vontade desaguar.

Tenho faltas do marulho,
do areal, das ondas altas!
É verdade... tenho faltas,
buracos negros de barulho.

Sinto o vazio, a grande brasa
que me queima assim tão só,
boiando, morta, em alto mar...

Nada é tudo e a própria vaza
esqueceu meu ânimo, meu sabor e pó,
e ficou enchendo... até vazar...