domingo, 10 de janeiro de 2010

Suave Mar Calmo

É um mito
a existência do obstáculo.
Não há obstáculos. Eu não vejo.

É uma mentira,
uma teia bem tecida,
que tudo é da vida o que não queremos,
que tudo em nós é sofrermos,
que tudo são feridas e pesar.

É falso, pelo menos eu não vejo,
que tudo não seja o que desejo,
que os sonhos não sejam a realidade
ilusória que me envolve.

Não queiras saber. Nada está aqui.
Eu não vejo.

eu não sinto ardor antigo das feridas,
esqueci as invenções que cantei como crente,
calei as ansiedades vividas, sempre vividas.

Quis ser eu por entre a estranha gente
que sepultou meu coração batendo.
Lutei, de peito sangrando,
renunciei ao estranho chamamento.

Tudo seria fácil, sabes?
Mas eu não vejo.

Eu não quero ver mais.
eu não preciso de ver mais.
Tudo está aqui
porque tudo está no arvoredo, que sorri,
na água que corre limpa entre nós,
no sol que me devolve
o som da minha voz.

Eu não quero ver, meu mundo é ouvir-te
chamar por mim, de olhos fechados,
lentamente, perfeitamente.

Eu não quero ver, porque o céu está já em mim,
já nada magoa, já nada dói.

Eu não preciso de ver para te sentir, suave mar calmo,
sempre forte, sempre perto,
sempre entregue.
Saber o som do teu sangue
palpitante no teu peito me é bastante
p'ra ver que és feliz.

Não, eu já não preciso de ver.
Tenho tudo já dentro de mim.

1 comentário:

  1. É difícil ver as dores do passado quando no presente tenho a felicidade de poder agarrar-te a alma e puxar-te para mim, sem complexos ou receios.

    Mais um excelente Poema Amorzinho! como sempre...

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