quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As árvores cercam
os trilhos que delimitei
co tanto cuidado.
Se eu tivesse adivinhado,
ainda lá estariam,
ainda viveriam
lá as rochas,
as flores,
as próprias árvores sem cores.
Se não tivesse fugido,
meu rasto encontrariam,
encontrar-me pretenderiam,
escreveriam
cartas repletas de saudade e pó.

Se eu tivesse estabelecido o nó
entre a viagem e a ponte,
o céu que veria no horizonte
seria outro mais brilhante,
mais deslumbrante...

Não fosse eu criar barreiras,
achar terras, erguer bandeiras,
num chão feito somente de águas e areias...!

Se eu tivesse querido o canto das sereias,
os mares invadir-me-iam
e levariam para a distância
os grilhões que arrasto,
a dor, a eterna ânsia...

Quisesse eu não ter sofrido
e nunca teria ouvido
teu choro sumido...

Quisesse ter sido minha
a alma que, no silêncio, definha,
doente, invejosa e mesquinha...!

[Dezembro.2008]

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