terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ao meu amigo

Escrevo notas,
digo adeus: vou fugir.
Preciso fugir para os sítios brancos,
para as áreas puras
do frio purificador.
Urgentemente desejo
a saída,
num acto cobarde
e catártico
que me devolva o que tinha dentro.
Vou correr para fora de mim
encontrar no meu reflexo
unidades emocionais perdidas
e desfazer abraços que me estrangulam
e sorrisos que me cortam
e ser inteira e só,
unicamente, simplesmente,
finalmente.

Quando me encontrar, digo-te.
Escrevo-te uma carta. Ou um bilhete, talvez.
Mas vou precisar que saibas tudo:
que me encontrei, que quero que o saibas,
por seres a consciência que não fala,
mas que ouve,
a que não concorda, me insulta
e me acarinha quando tudo cai.

Quando todo este tempo-tornado terminar,
eu falo-te;
quando terminar
e eu cessar de ser eu,
agradeço-te.

Quando tudo isto chegar ao fim,
dar-te-ei a saber que te amo.

Sem comentários:

Enviar um comentário