Quando tudo o resto falhar,
não olhes para trás.
Chora. Explode.
Bate contra coisas,
mas não olhes para trás.
Não te rendas,
o passado exige-to.
Quando tudo se arruinar,
perde todas as noções,
todas as regras que te impedem
de seres tu;
improvisa
e solta relâmpagos,
para que ninguém se aproxime
e todos vejam, finalmente,
toda a luz que irradia de ti!
Quando tudo se desmoronar,
não sofras... não adiantará,
que enquanto sofres o que foi, o que será
terá fugido; não saibas.
Não queiras.
Pratica o esquecimento e relembra
as coisas todas anteriores,
superiores,
sublimes momentos longe.
Esquece e anda em frente.
Quando se for,
agradece teres vivido
todo o tempo concedido.
Mas não saibas. Esquece.
Não olhes para trás.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Sentimento de Gerúndio
Eles vão ficando...
embora chorando
e implorando
para que se desvaneçam
e desapareçam
do meu mundo triste e escuro,
eles vão ficando...
Vão-me quebrando
e lentamente tomando
o sangue, a alma,
a alegria ou a calma...
Permanecem gritando
mudos, murmúrio brando,
na insanidade ou na loucura
com que de mim me vão roubando!...
E vou caindo, vou chorando...
crendo que ando voando
e por outras vidas me maravilhando...
Vou brincando que nada existe!...
Vou tentando
alcançar o espelho que, girando,
se afasta de mim, troçando.
Vejo-me longe, vagueando...
pálida, desacreditando
nos contos e nas fadas que me vão contando.
Sinto-me por dentro despedaçando,
débil e morta, ansiando
a ponte para o outro lado...
Tão impossível e apartado...
embora chorando
e implorando
para que se desvaneçam
e desapareçam
do meu mundo triste e escuro,
eles vão ficando...
Vão-me quebrando
e lentamente tomando
o sangue, a alma,
a alegria ou a calma...
Permanecem gritando
mudos, murmúrio brando,
na insanidade ou na loucura
com que de mim me vão roubando!...
E vou caindo, vou chorando...
crendo que ando voando
e por outras vidas me maravilhando...
Vou brincando que nada existe!...
Vou tentando
alcançar o espelho que, girando,
se afasta de mim, troçando.
Vejo-me longe, vagueando...
pálida, desacreditando
nos contos e nas fadas que me vão contando.
Sinto-me por dentro despedaçando,
débil e morta, ansiando
a ponte para o outro lado...
Tão impossível e apartado...
[Agosto 2008]
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Ajuda-me!
Ajuda-me.
Esquece as minhas lágrimas,
olha só para trás e dá-me a mão.
Dá-me só a mão!
Sinto falta de carícias.
Sinto um estranhamento dentro.
Olha para trás, ajuda-me,
mas esquece as minhas costas
e cega do teu olhar
todas as marcas de todas as chagas que não fecharam.
Não te assustes. Ajuda-me,
que a vontade de não querer cresce
e me assusta a mim mesma por instantes,
me faz temer o que eu própria não conheço!
Dá-me a mão, lembra os salmos
e ignora por completo os meu pecados,
que agora nada sou.
Nada ficou dos pedaços
que vão ficando espalhados pelo chão.
Deixa-me gritar... não ouças.
Deixa-me soluçar, chorar e não sonhar mais,
que eu não posso mais,
não suporto mais,
que me enoja muito mais
tudo o que sinto.
Dá-me a mão, mas não me vejas...
Agarra-me, impede-me de cair, mas não queiras
nunca que teus olhos encontrem os meus.
Não queiras nunca curar
as feridas que todos julgam sarar.
A dor dessas feridas a doer.
Esquece as minhas lágrimas,
olha só para trás e dá-me a mão.
Dá-me só a mão!
Sinto falta de carícias.
Sinto um estranhamento dentro.
Olha para trás, ajuda-me,
mas esquece as minhas costas
e cega do teu olhar
todas as marcas de todas as chagas que não fecharam.
Não te assustes. Ajuda-me,
que a vontade de não querer cresce
e me assusta a mim mesma por instantes,
me faz temer o que eu própria não conheço!
Dá-me a mão, lembra os salmos
e ignora por completo os meu pecados,
que agora nada sou.
Nada ficou dos pedaços
que vão ficando espalhados pelo chão.
Deixa-me gritar... não ouças.
Deixa-me soluçar, chorar e não sonhar mais,
que eu não posso mais,
não suporto mais,
que me enoja muito mais
tudo o que sinto.
Dá-me a mão, mas não me vejas...
Agarra-me, impede-me de cair, mas não queiras
nunca que teus olhos encontrem os meus.
Não queiras nunca curar
as feridas que todos julgam sarar.
A dor dessas feridas a doer.
domingo, 6 de novembro de 2011
Certidão
Jogos de escadas e vácuos.
Vórtices incalculáveis.
Aragens.
Veículos de castidade
maculada por tempo.
E o tempo é tudo.
Onde era a minha casa?
Saber o caminho de volta...
Sonhos, males meus
de não reconhecer os teus
suspiros por um mim diferente.
Agora, poente o momento,
sangrando no mar.
Agora, onde foste?
Jogos de espelhos foscos
que não deixam ver destinos.
O tempo é tudo?
É.
Foste.
Encontrar a certa contaminação,
o certo caminho esquecido,
a certa castidade
maculada por desgosto.
E saber-te de novo.
Vórtices incalculáveis de mágoa,
de mim.
Escadas e vácuos
e vazios e tristeza.
Agonias de ter caído
ao transbordar de mim.
Vórtices incalculáveis.
Aragens.
Veículos de castidade
maculada por tempo.
E o tempo é tudo.
Onde era a minha casa?
Saber o caminho de volta...
Sonhos, males meus
de não reconhecer os teus
suspiros por um mim diferente.
Agora, poente o momento,
sangrando no mar.
Agora, onde foste?
Jogos de espelhos foscos
que não deixam ver destinos.
O tempo é tudo?
É.
Foste.
Encontrar a certa contaminação,
o certo caminho esquecido,
a certa castidade
maculada por desgosto.
E saber-te de novo.
Vórtices incalculáveis de mágoa,
de mim.
Escadas e vácuos
e vazios e tristeza.
Agonias de ter caído
ao transbordar de mim.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Abismo
Na hipótese de abismo
atiro-me sem pensar,
porque tenho, no fundo,
a coragem p'ra me atirar.
Na primeira hipótese de abismo,
atiro-me.
Saudades de sentir um vento frio,
um sussurro gélido,
um impulso qualquer que me devolva
a identidade;
sabes? Saudade de mim.
Passa tanto tempo para o tempo se mover...
É bom saber que os vácuos persistem,
que ainda há fantasmas e bruxas que assistem
a todos os meus espasmos.
Alguém ainda me vê as convulsões.
As novas coisas, sensações
febris,
anemias de carências, fiz
do medo um novo lugar.
No próximo abismo, vou saltar.
Porque não?
há teias para me parar, há as redes das razões,
há os princípios, as convenções,
há de tudo um pouco para me envenenar
contra as minhas próprias invenções!...
Mas a minha cabeça arde...
nas vertigens e nos turbilhões
há o grito que me rasga
e me fere em perturbações...
Eu quero saltar porque não tenho asas nos pés.
A gravidade do mundo e das coisas sérias...
E os desejos? As estrelas?
Onde voltar a vê-las neste poço que findou de vez?
Não me importa que não queiram que salte.
No próximo abismo, salto com coragem
e faço-me engolida na voragem
do que fui...
atiro-me sem pensar,
porque tenho, no fundo,
a coragem p'ra me atirar.
Na primeira hipótese de abismo,
atiro-me.
Saudades de sentir um vento frio,
um sussurro gélido,
um impulso qualquer que me devolva
a identidade;
sabes? Saudade de mim.
Passa tanto tempo para o tempo se mover...
É bom saber que os vácuos persistem,
que ainda há fantasmas e bruxas que assistem
a todos os meus espasmos.
Alguém ainda me vê as convulsões.
As novas coisas, sensações
febris,
anemias de carências, fiz
do medo um novo lugar.
No próximo abismo, vou saltar.
Porque não?
há teias para me parar, há as redes das razões,
há os princípios, as convenções,
há de tudo um pouco para me envenenar
contra as minhas próprias invenções!...
Mas a minha cabeça arde...
nas vertigens e nos turbilhões
há o grito que me rasga
e me fere em perturbações...
Eu quero saltar porque não tenho asas nos pés.
A gravidade do mundo e das coisas sérias...
E os desejos? As estrelas?
Onde voltar a vê-las neste poço que findou de vez?
Não me importa que não queiram que salte.
No próximo abismo, salto com coragem
e faço-me engolida na voragem
do que fui...
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
O mundo muda mudo.
O mundo se transfigura
e eu, sugada por tudo.
porque as cores são fusões
de estados em várias fases;
as cores são trovões;
os olhos não sabem conhecer
a velocidade das alterações...
dói (re)aprender.
Tocam-me. É sem cura
que todas as metades
sejam o todo que transfigura.
Tudo é a dor que me perfura.
Essa dor, essa, que perdura.
Essa, que me estilhaça a sanidade.
O mundo se transfigura
e eu, sugada por tudo.
porque as cores são fusões
de estados em várias fases;
as cores são trovões;
os olhos não sabem conhecer
a velocidade das alterações...
dói (re)aprender.
Tocam-me. É sem cura
que todas as metades
sejam o todo que transfigura.
Tudo é a dor que me perfura.
Essa dor, essa, que perdura.
Essa, que me estilhaça a sanidade.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
23 de Setembro de 2010
Rasga-me as chagas!
Espanca-me feridas!
Grita-me, revolta-me,
enoja-me a visão das coisas!
Fere-me por dentro
para que volte a chorar...
Espanca-me feridas!
Grita-me, revolta-me,
enoja-me a visão das coisas!
Fere-me por dentro
para que volte a chorar...
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