Eu tinha uma casa
bem no meio do mar.
Eu tenho horas, horas
que gasto a chorar.
Eu tenho versos guardados
dos poemas que não escrevi
e tenho dos sonhos sonhados
as saudades que tive daqui.
Guardo num baú antigo,
coberto de resina e pós,
as canções que ecoam comigo,
outro som ou outra voz
do outro vidro embaciado,
envelhecido pelo tempo,
eu vejo minh' alegria, meu grão contado
p'lo amigo que guardo no vento.
E é na gravidade, esse marulho,
tempo pleno de infinito,
que findo e mergulho
e me engulo em meu próprio grito.
segunda-feira, 28 de março de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
1989 Revisited
Hoje, talvez seja um texto por terminar...
talvez, hoje, um tratado de Paz por anunciar,
um "cessar fogo" tão urgente quanto a respiração;
um suspiro limpo, um fôlego brando,
uma confiança plena numa sensação de quietude;
um som de armas caindo,
de mãos que se apertam,
de olhares que se cruzam, que se vêem,
que se mostram pela primeira vez;
uma virgindade de cheiros e carícias,
um "eu amo-te!" sincero e para todos
porque é urgente amar todos;
uma sensação de calor, de aconchego,
de tranquilidade, de colo de Mãe,
de um medo que não existe já;
uma antes magnitude caída,
uma parede em Berlim, reerguida e vencida,
um orgulho em não ter de sentir jamais orgulho;
um sonho, aqui;
Hoje, uma frescura em saber que brotam flores do meu cabelo.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Memories
"I'm trying to survive
in this dark endless night..
Maybe painting the sky of gold
will remind me of your brightest light...
This mindless words
are like falling birds
into this kingdom of loneliness;
You know you're the one who can make me escape
from this hell full of emptiness...!
Cause you're the one who takes the pain away,
I'm screaming on the silence
just to hear the things I'll never say
Don´t leave me dying
away from paradise,
don't look at me with your
shinny green eyes..."
in "Pain Away"
by ragb
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Cristalizações
Tenho vidros no estômago
que me sangra por dentro.
Vidros, cacos, agonias.
Facas que me trincham levianamente,
e uma dor que me corta,
que fere,
que esbanja sangue por mim.
Vidros de sonhos quebrados,
ecos por escutar.
Vidros, talvez, acabados
de nascer p'ra me cortar...
Talvez, vidros e vitrinas,
cenários, purpurinas,
tédios e outros sinais...
Murmúrios, fantoches, crinas,
o chão torto, as escadas, as esquinas...
minha alma esquartejada nas catedrais.
Meu sangue exposto, cor fúnebre nos monumentos, nos vitrais...
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Nocturno
Noites vazias que se prolongam
horas tardias que te ondulam
em memórias neurasténicas e doentes...
Porque são sons e luzes frias,
choros, gritos e agonias
os estilhaços da alma que não sentes.
São palhaços, bobos, sem pintura,
um dedo que descobre e que perfura
a abertura das chagas a doer,
a queimadura da minha pele a perder
a cor, a vida, os espaços...
são palhaços, sem pintura, a endoidecer...
são o cair das estrelas, já caídas,
o ardor de todas as outras feridas
as horas tardias sangrando até anoitecer...!
horas tardias que te ondulam
em memórias neurasténicas e doentes...
Porque são sons e luzes frias,
choros, gritos e agonias
os estilhaços da alma que não sentes.
São palhaços, bobos, sem pintura,
um dedo que descobre e que perfura
a abertura das chagas a doer,
a queimadura da minha pele a perder
a cor, a vida, os espaços...
são palhaços, sem pintura, a endoidecer...
são o cair das estrelas, já caídas,
o ardor de todas as outras feridas
as horas tardias sangrando até anoitecer...!
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Um contemplar desprovido de tempo.
Um contratempo carente de lar.
Um cigarro por fumar, por apagar...
Um sorriso que mingua ao relento...
Para onde foi tudo?
No ritmo bizarro, agudo,
meio ignorante, meio soprano,
a chuva que me troça, canta para o mundo,
para este tão pequeno mundo,
este poço claustrofóbico e profundo.
Dir-te-ei, talvez, que esqueci o medo
e que envenenei para sempre o mal de mim,
que tenho uma nova parte,
bases firmes, rumo a distanciação.
Dir-te-ei, porque não?, que já tenho sol,
que algo vedou as pegadas roxas que me seguiam.
Dir-te-ia, se parasse para confessar,
que me fazes feliz
e que minhas lágrimas já são alegria.
Dir-te-ia, caso ouvisses,
caso quisesses,
que, enquanto a cidade luminosa
ri da vida maravilhosa,
desta podridão de gente,
da alma tuberculosa que tem,
eu, miraculosamente,
descanso apenas.
Descanso no meu relento,
no meu lugar exposto.
Descanso na minha concha,
pálida, lascada, transparente...
Um contratempo carente de lar.
Um cigarro por fumar, por apagar...
Um sorriso que mingua ao relento...
Para onde foi tudo?
No ritmo bizarro, agudo,
meio ignorante, meio soprano,
a chuva que me troça, canta para o mundo,
para este tão pequeno mundo,
este poço claustrofóbico e profundo.
Dir-te-ei, talvez, que esqueci o medo
e que envenenei para sempre o mal de mim,
que tenho uma nova parte,
bases firmes, rumo a distanciação.
Dir-te-ei, porque não?, que já tenho sol,
que algo vedou as pegadas roxas que me seguiam.
Dir-te-ia, se parasse para confessar,
que me fazes feliz
e que minhas lágrimas já são alegria.
Dir-te-ia, caso ouvisses,
caso quisesses,
que, enquanto a cidade luminosa
ri da vida maravilhosa,
desta podridão de gente,
da alma tuberculosa que tem,
eu, miraculosamente,
descanso apenas.
Descanso no meu relento,
no meu lugar exposto.
Descanso na minha concha,
pálida, lascada, transparente...
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