quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um contemplar desprovido de tempo.
Um contratempo carente de lar.
Um cigarro por fumar, por apagar...
Um sorriso que mingua ao relento...
Para onde foi tudo?

No ritmo bizarro, agudo,
meio ignorante, meio soprano,
a chuva que me troça, canta para o mundo,
para este tão pequeno mundo,
este poço claustrofóbico e profundo.

Dir-te-ei, talvez, que esqueci o medo
e que envenenei para sempre o mal de mim,
que tenho uma nova parte,
bases firmes, rumo a distanciação.

Dir-te-ei, porque não?, que já tenho sol,
que algo vedou as pegadas roxas que me seguiam.

Dir-te-ia, se parasse para confessar,
que me fazes feliz
e que minhas lágrimas já são alegria.

Dir-te-ia, caso ouvisses,
caso quisesses,
que, enquanto a cidade luminosa
ri da vida maravilhosa,
desta podridão de gente,
da alma tuberculosa que tem,
eu, miraculosamente,
descanso apenas.

Descanso no meu relento,
no meu lugar exposto.

Descanso na minha concha,
pálida, lascada, transparente...

1 comentário:

  1. quero ouvir tudo o que quiseres sussurrar... quero apanhar tudo o que quiseres atirar a mim...
    Muito lindo amorzinho...

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